quinta-feira, 14 de agosto de 2014

CANOÍSTA ADOTADO LEVA MÃE BRITÂNICA PARA O VA'A, E DUPLA DISPUTA O MUNDIAL


13/08/2014
Por Gabriel FrickeRio de Janeiro
Nascido na Bahia, Reginaldo Birkbeck mora no Rio de Janeiro com Victoria, que acabou se tornando atleta por causa do filho adotivo: "Achei interessante e comecei"
Aos 23 anos, o canoísta baiano Reginaldo Birkbeck é uma das principais esperanças de medalha do Brasil no Mundial de Va’a, que acontece de 12 a 17 de agosto, na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A partir desta quarta-feira, ele compete em quatro provas, o V1 500m open (uma pessoa na canoa), V6 500m e 1000m open (seis atletas) e V12 500m open (12 atletas). E se hoje é um dos talentos na modalidade, ele deve muito à Victoria Mary Birkbeck, sua mãe adotiva. Nascida na Inglaterra e morando no Brasil há 40 anos, ela deu ao jovem uma nova família e a possibilidade de um futuro melhor.
A mãe biológica de Reginaldo morreu quando ele tinha apenas oito anos. O pai faleceu há quatro. Seus três irmãos deixaram a Bahia para vir tentar a sorte no Rio de Janeiro e passaram a trabalhar para Victoria em uma obra. Ele foi o único que ficou em sua terra natal. A britânica sonhava adotar um filho. Foi então que, a pedido dos irmãos, ele veio para a capital fluminense, ficou um tempo na casa dela e passou a estudar em uma escola da cidade. Depois, a cinegrafista resolveu a parte burocrática e, de quebra, também adotou a irmã do jovem, Rosângela.
- Foi por meio dos meus irmãos que a conheci. Vim, fiquei na casa dela, estudei e criamos um vínculo. Ela fez toda a parte legal e acabou adotando minha irmã, Rosângela, também. Desde que eu cheguei aqui no Rio, minha mãe foi peça fundamental para eu estar onde estou hoje. É claro que o Va'a foi iniciativa minha, mas hoje ela também faz e compete. Estamos sempre apoiando um ao outro – disse o canoísta.
Reginaldo estudava na Escola Minas Gerais, na Urca, e, através de um projeto social da instituição de ensino com a equipe Rio Va’a, conheceu a canoagem. Depois que começou, não largou mais. Já viajou para a Ilha de Páscoa, Peru, Argentina e disputou o Mundial no Canadá, em 2012. Além disso, ele é o responsável por ter levado Victoria para perto do esporte. A cinegrafista e documentarista de 62 anos virou atleta e compete na classe Golden Master. No Mundial de Va’a, vai disputar a Sênior Master (para atletas com mais de 50 anos).
ADOTEI O REGINALDO AFETIVAMENTE PRIMEIRO E DEPOIS FIZ A BUROCRACIA. É MARAVILHOSO VÊ-LO COMO ATLETA.
- Adotei o Reginaldo afetivamente primeiro e depois fiz a burocracia. É maravilhoso vê-lo como atleta. Quando veio da Bahia, ele era muito tímido, mas cheio de vontade de aprender. Começou a remar na escola municipal pelo projeto social. Eu achei interessante e comecei a remar – disse Victoria.
Moradora do bairro de Santa Teresa, a canoísta conta que já foi medalha de ouro em um torneio em Buenos Aires, na Argentina. Para ela, a parte mais interessante do Va’a é que há atletas com até 70 anos competindo. Já Reginaldo conta que a energia da modalidade é o que mais o atrai.
- Eu acho que o esporte, principalmente em um time, tem uma união e uma energia muito positivas. É bem diferente do remo olímpico. Entrei mais para ter um esporte ao qual me dedicar. Eu não pensava que daria tão certo, mas acabou dando. Nunca pensei que estaria em um Mundial com a presença de tantos países – concluiu.
As disputas do Mundial se encerram no domingo. A competição terá 61 finais de provas individuais (V1) e por equipes (canoas para seis e 12 competidores), com atletas paralímpicos e convencionais. No caso dos paratletas, há três classificações funcionais: LTA (atleta que utiliza braços, tronco e pernas para auxiliar na remada); TA (somente tronco e braços); e A (apenas movimento dos braços). A modalidade estará no programa da paracanoagem nos Jogos Paralímpicos de 2016. A diferença entre um caiaque e uma canoa polinésia é que o segundo tem um casco extra que serve de estabilizador, permitindo que mantenha a velocidade sem comprometer a estabilidade
Reginaldo Birkbeck e a mãe, Victoria, estarão no Mundial de Va'a (Foto: Gabriel Fricke )
Atletas fazem exibição de canoa polinésia na abertura do Mundial (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
http://globoesporte.globo.com/canoagem/noticia/2014/08/canoista-adotado-leva-mae-britanica-para-o-va-e-dupla-disputa-o-mundial.html

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