sábado, 16 de agosto de 2014

MS TEM LISTA DE PRETENDENTES À ADOÇÃO BEM MAIOR QUE DE CRIANÇAS DISPONÍVEIS


15 de agosto de 2014
Dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) revelam que em Mato Grosso do Sul atualmente a lista de espera de interessados a adotar uma criança reúne 330 pessoas. O total é quase o triplo de crianças disponíveis à adoção, que formam um grupo de 122 candidatos. A disparidade entre o interesse e a disponibilidade, segundo avaliação de especialistas, está relacionada ao fato de que ainda está mantida a cultura de adoção por crianças de até três anos de idade, e o preconceito pela chamada adoção tardia.
“É algo perceptível por aqui. Cada pretendente tem um perfil de criança que quer adotar, e no geral são recém-nascidos ou crianças até os três anos de idade. É uma realidade bastante difícil de mudar, apesar de que trabalhamos muito nesse sentido, de tentar despertar o interesse dos pretendentes pelas crianças maiores, que são as que estão em maioria à espera da adoção”, explicou a coordenadora do projeto ‘Adotar’ da Vara da Infância e Juventude de Dourados, Aparecida Harumi Nakaono Oshiro.
Na comarca de Dourados, atualmente existem apenas três crianças disponíveis para adoção, sendo um menino e duas meninas que estão com idade superior aos 10 anos. No entanto, a lista de pretendentes tem 42 pessoas. “São pessoas que ficam, no mínimo, dois anos nessa lista de espera, já que as crianças disponíveis à adoção não possuem perfil dentro do que elas esperam”, explicou Aparecida.
Professora da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Maristela Missio, 50, adotou Fernanda, 15, há quatro anos. A adolescente é a única filha da professora, que é presidente do Gaad (Grupo de Apoio à Adoção de Dourados). “É um presente de Deus na minha vida”, disse ela ao Diário MS.
Como presidente do Grupo, Maristela diz que realmente o maior desafio com relação à adoção está no pleito dos pretendentes por crianças menores, que está embasado em um preconceito distorcido. “Abordamos muito em nossos encontros mensais o incentivo à adoção tardia e interracial, que carregam muitos mitos e preconceito. Muitos pretendentes até já mudaram o perfil que procuravam, mas este é um caminho bastante difícil realmente”, explicou a professora.
Conforme a professora há uma crença geral de que as crianças mais velhas disponíveis à adoção carreguem consigo costumes e hábitos que não conseguem mudar. No entanto, esta é uma avaliação um tanto quanto distorcida, já que aqueles que se propõem a adotar devem desde o princípio estar cientes da complexidade geral deste processo.
“É preciso acreditar muito na criança e tentar entende-la. A criança maior tem uma história de vida complexa e particular, então paciência é fundamental. Mas, esse processo de educação e convivência é comum em qualquer relação. Eu adotei a minha filha quando ela tinha 11 anos e hoje ela é uma adolescente como outra qualquer. Mas, é importante ressaltar a importância de um preparo para qualquer processo de adoção, seja de crianças mais novas ou mais velhas”, destacou Maristela. (Thalyta Andrade, de Dourados)
Professora Maristela, 50, adotou Fernanda, 16, há quatro anos. Mãe e filha são exemplo e incentivo à adoção tardia, que é um desafio junto aos pretendentes Arquivo Pessoal/Teka Produções
http://diarioms.com.br/ms-tem-lista-de-pretendentes-adocao-bem-maior-que-de-criancas-disponiveis/

Nenhum comentário: