Sexta, 15 Agosto 2014
Por G1 | Para: CBN Foz
A vida do vendedor Adriano de Souza Santos, de 31 anos e morador de Sorocaba (SP), nunca foi tão completa quanto é hoje – nem tão complicada. Pai das meninas Amanda, de 2 anos e meio, e Bianca, de oito meses de idade, o rapaz não mediu esforços quando, há quatro meses, precisou "adotar" o pequeno Gabriel, filho de sua irmã Adriana de Souza Santos, de 26 anos, que luta contra o vício em drogas. Agora, a rotina dele e da esposa, Lívia Lopes Moreno, se divide entre cuidar dos filhos e acompanhar o mais novo integrante da família em hospitais e postos de saúde.
Gabrielzinho – ou Biel, como é chamado carinhosamente pelo novo pai –, nasceu em novembro de 2013, com apenas 790 gramas e morte aparente. Foi socorrido pelos médicos do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim, no Estado do Espírito Santo. "Minha irmã usou muita droga no dia em que deu à luz. Nunca viu a criança pessoalmente e não tem ideia do mal que causou a ele", conta.
Assim que ficaram sabendo do nascimento, Adriano e a esposa se prontificaram a ficar com o menino, mesmo sabendo das dificuldades pelas quais passariam. "Nunca nos iludimos. Fomos buscar informações e todos os especialistas diziam que ele teria inúmenos problemas", conta o vendedor. Gabriel ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal até março deste ano e, quando recebeu alta, Adriano foi buscá-lo pessoalmente.
O vendedor precisou passar por avaliações psiquiátricas e familiares para garantir a guarda provisória da criança. Ficou três dias no hospital conhecendo a rotina de medicamentos do menino e, em abril, voou para Sorocaba. "Foi uma viagem tranquila, mas muito temerosa. Eu não conhecia o comportamento dele fora do hospital e, graças a Deus, deu tudo certo."
COMPLICAÇÕES
Quando chegou em casa, Biel foi atendido pelo programa de crianças recém-nascidas de risco da rede municipal de saúde. Recebeu medicamentos e leite, sem muita burocracia. Mas os problemas ainda não haviam acabado. Com a queda da temperatura, contraiu uma forte pneumonia e precisou ser encaminhado para a Santa Casa de Misericórdia, onde está até hoje.
Em seguida, o bebê sofreu duas paradas cardíacas pequenas e uma que durou uma hora e 10 minutos. A complicação resultou em lesões no cérebro, descobertas recentemente. "Ainda não dá para saber até onde vai o problema. Como os pulmões dele ainda não estão completamente formados, qualquer doença simples fica complicada", explica o pai.
Enquanto o pequeno Gabriel se recupera, Adriano e Lívia correm atrás de sua guarda definitiva. A próxima batalha do casal é pelo atendimento médico domiciliar (o home care), exigido pela médica responsável pelo bebê. "Estou mudando para uma casa maior que comporte o serviço. Temos fé em Deus que vai dar tudo certo, queremos ele conosco logo." O casal já está com a guarda para fins de adoção, mas o processo só será concluído quando Adriana disser em juízo que abre mão do menino.
Com a chegada do bebê, a vida de Adriano mudou de repente. É uma rotina cansativa, mas compensada por cada vitória de Gabriel. "Ele é muito guerreiro e mudou nossas vidas para a melhor. Temos agora mais união e conhecemos outras pessoas com lutas ainda maiores. Ele só acrescentou em nossas vidas", continua.
COMO UM 'ZUMBI'
Quando esteve no Espírito Santo, Adriano decidiu se arriscar e foi em vários pontos de tráfico de droga em busca da irmã, até encontrá-la. Conseguiu vaga em uma clínica de reabilitação, mas após quatro dias de internação, ela fugiu. "Ela não faz ideia do ano em que estamos, virou um zumbi", lamenta o irmão.
Mas, apesar do vício, o relacionamento entre os dois é bom. "Por incrível que pareça, temos uma boa relação. Ela tenta me ouvir, mas a droga é muito forte. É triste ver o estado dela hoje em dia", completa.
Adriano foi buscar sobrinho no Espírito Santo (Foto: Arquivo Pessoal)
Gabriel nasceu em novembro de 2013 com 790 gramas (Foto: Arquivo Pessoal)
Lívia, esposa de Adriano, aprendeu a amar o novo filho (Foto: Arquivo Pessoal)
Publicado em São Paulo
http://www.cbnfoz.com.br/editorial/brasil/s%C3%A3o-paulo/15082014-187472-vendedor-muda-rotina-apos-adotar-bebe-da-irma-viciada-em-drogas
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