sexta-feira, 17 de outubro de 2014

ADOÇÃO: QUANDO CONTAR


16.10.2014
Ana Carla Ribeiro de Oliveira
Inicialmente, a ideia da adoção tende a causar reações adversas, medos e dúvidas sobre o contar ou não ao filho que foi adotado, herança genética, o caminho judiciário que pode demorar, quando ele crescer se terá vontade ou não de procurar os pais biológicos, dentro outras inseguranças...
A expectativa da chegada de um filho causa ansiedade, equivalente ao processo de um filho biológico em que há um processo de adaptação ao filho até que ambos – pais e filho(s) – sintam-se pertencentes, envolvidos e vinculados nesta relação.
Quando os pais estão emocionalmente dispostos e preparados para o desafio do exercício da maternidade e paternidade, os sentimentos envolvidos por esta relação tendem ser mais positivos e isso independe do fato do filho ser ou não adotado.
Os pais adotivos também devem se preparar, diante de tantas dúvidas, incertezas, mitos, preconceitos e particularidades, para que este turbilhão de anseios não despertem conflitos pessoais, é indicado um processo psicoterapêutico antes da adoção, com o objetivo de promover maior consciência individual e enquanto casal na escolha – ampliar auto percepção se há disposição e condições emocionais para lidar com as questões da maternidade e paternidade – e clareza, sobre as razões que o casal tem para prosseguir com a adoção. Podem também buscar informações em livros *(“A criança pode suportar todas as verdades” Françoise Dolto - Psicanalista 1908-1988), grupos de apoio a pais adotivos a ainda procurar cursos de recém-nascidos (se for o caso) para se conhecer os primeiros cuidados com o bebê. No decorrer na vida familiar, além de todas as alegrias e felicidades que um filho vem a proporcionar, os pais adotivos se deparam com a indagação sobre como, quando e quem deve contar que não são os pais biológicos. Atenção, sugiro que esta questão deva ser pensada antes mesmo da adoção, pois esta definição contribuirá para minimizar sentimentos de medos e ansiedade que tal situação oferece.
“Normalmente, quando sou procurada por pais para um processo de psicoterapia e esta questão é trabalhada, a minha postura não é dar opiniões e sim, aplicar técnicas terapêuticas na intenção de que os pais com clareza, busquem suas próprias respostas, de acordo com seus valores e crenças.” Tornar velada o passado da adoção, omitindo a verdade faz com que os pais percam a credibilidade, caso o(a) filho(a) descubra sobre a adoção, e passa a ter a sensação de que a vida vivida não passou de uma farsa. Fazer com que o(a) filho(a) adotivo(a) saiba da verdade desde cedo, com naturalidade e sinceridade também é uma opção para os pais, que ora contam apenas para a criança e família, e não para outras pessoas. Já outros pais adotivos, optam em contar abertamente para a sociedade.
Cabe ressaltar a alteração no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e que consta na lei de adoção, LEI Nº 12.010, DE 3 DE AGOSTO DE 2009 que “ o adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.”
Uma boa oportunidade para tocar no assunto com a criança, durante seu crescimento perguntar como ela nasceu, então os pais aproveitarem para inserir o assunto. Seja qual for a motivo, a adoção surge sempre como uma possibilidade de atender à necessidade afetiva do casal para a expressão de amor na experiência de se tornarem pais e viverem em família com seus filhos, oferecendo ao infante a oportunidade de experimentar o contexto familiar. A adoção é e sempre será um ato de amor.
Ana Carla Ribeiro de Oliveira: Graduada em Psicologia pela Universidade Católica de Santos, 2006.
http://www.clubedafraldinha.com/adocao-quando-contar/

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