terça-feira, 14 de outubro de 2014

SONHOS RENOVAM A ESPERANÇA DE CRIANÇAS NA FILA DE ADOÇÃO EM MG


12/10/2014
Caroline Aleixo Do G1 Triângulo Mineiro
G1 conversou com crianças em instituição de acolhimento em Uberlândia.
Mãe de três crianças adotivas fundou ONG para promover adoção legal.
Entre o brincar e o sonhar, algumas crianças acolhidas institucionalmente em Uberlândia mantêm a esperança de voltar a ter a convivência familiar. Como a maioria delas está dentro do perfil de adoção tardia, os sonhos não podem esperar e são eles que renovam as forças em cada olhar e em cada sorriso.
O G1 foi até um abrigo institucional do Bairro Maravilha e conversou com algumas crianças do local. Segundo a coordenadora Maria Augusta de Freitas Vilela Diniz, o ambiente passa a ser o lar e a família dessas crianças, e é lá que elas expõem suas dúvidas. “Eles perguntam sobre adoção, manifestam a vontade de ter uma nova família. Mas a maior de todas as preocupações é quando completarem a maioridade, por medo de não terem para onde ir”, contou.
Na instituição estão 11 crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos. Duas delas são Juliana* de oito anos e o irmão de nove, que foram tirados da família biológica por negligência dos pais. Entre brincar de boneca e fazer questão de ajudar as tias a organizar a casa, a pequena disse que é muito feliz onde está e sonha em ser cantora um dia.
Gosto de ir para a escola, de estudar Matemática e meu maior sonho é ser um engenheiro".
Rafael
Os irmãos Rafael*, de nove anos, e André*, 11, são filhos de uma mãe usuária de drogas e pai presidiário. O cuidado familiar era de responsabilidade da avó, que faleceu recentemente. Ainda tristes pela perda, eles sonham em ter uma família um dia e veem nas brincadeiras e nos estudos uma forma de conquistar os objetivos. “Gosto de ir para a escola, de estudar Matemática e meu maior sonho é ser um engenheiro”, disse Rafael. “Eu prefiro jogar bola e brincar de carrinhos, só que ainda não sei o que vou ser quando crescer”, justificou André.
* Os nomes constados na reportagem foram trocados para preservar a identidade das crianças em acolhimento institucional.
O DOM DA ADOÇÃO
Em Uberlândia, 93 crianças e adolescentes esperam pela adoção e, enquanto o processo não é realizado, ONGs e entidades do setor promovem ações em parceria com a Vara da Infância para que a criança possa ter direito a uma família.
A terapeuta familiar Sara Vargas se dedica integralmente à promoção da adoção legal e da convivência familiar com instrução e seriedade. Ao lado do marido, ela mantém a organização não-governamental Pontes de Amor, que promove orientações e discussões referentes ao processo de adoção para pessoas que de alguma forma estejam envolvidas no tema, principalmente pais adotivos.
(Assista ao vídeo ao lado)
O histórico da voluntária foi uma das motivações que a levou a apostar na fundação da ONG. Dos quatro filhos do casal, três foram tirados do acolhimento institucional e convivem com a família uberlandense há cerca de 10 anos. O mais velho e filho biológico é Lucas Vargas, com 15 anos, Jéssica foi a primeira das filhas a ser adotada, quando ainda tinha dois anos de idade.
A tranquilidade que a família encontrou com a adoção de Jéssica não ocorreu com as gêmeas Kathlyn e Kelly, hoje com nove anos. A mãe contou que o processo de adoção foi feito em São Paulo e iniciou quando as duas tinham pouco mais de um ano de idade. “A gente ia com frequência ao abrigo. Nos apegamos muito a elas e já nos considerávamos os pais. Mas foi um processo muito doloroso”, disse Sara.
Quando estava praticamente autorizada a adoção, os pais biológicos pediram as crianças e o juiz acabou concedendo apesar da situação da família de origem ser bastante precária. Um ano depois do ocorrido, elas foram abandonadas novamente nas ruas de São Paulo. Alguns meses depois, o casal ao lado dos dois filhos foram chamados novamente pela Vara da Infância e conseguiram a guarda das meninas.
FAMÍLIA BIOLÓGICA X FAMÍLIA ACOLHEDORA
Uma das formas de lidar com o acolhimento da criança em situação de abandono é a parceria entre Judiciário, Promotoria e entidades envolvidas na promoção da família biológica. Foi considerando esse objetivo que a cidade passou a receber neste ano o programa Família Acolhedora.
A coordenadora da ONG que realiza o projeto, Janice Alves de Souza, disse que sete famílias estão no processo para acolher cinco crianças e adolescentes (de 0 a 18 anos) por até um ano nas residências, sendo o prazo estendido de acordo com cada caso.
A intenção é divulgar ainda mais o projeto para que outras crianças e famílias possam ser beneficiadas. “Nosso intuito é trabalhar essas crianças em um ambiente familiar para que elas possam retornar à família de origem um dia. Mas ainda encontramos certa resistência da sociedade, porque a cultura do acolhimento institucional é muito grande”, disse.
O projeto está em ano de experiência e as inscrições para a seleção das famílias podem ser feitas na ONG Missão Sal da Terra, na Rua Euclides da Cunha, nº 920, Bairro Custódio Pereira. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (34) 3226-9317.
Sonhos renovam a esperança de crianças na fila de adoção em Uberlândia (Foto: Caroline Aleixo
Casal de Uberlândia adotou três filhas e fundou ONG Pontes de Amor (Foto: Sara Vargas/Arquivo Pessoal)
http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2014/10/sonhos-renovam-esperanca-de-criancas-na-fila-de-adocao-em-mg.html

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