terça-feira, 11 de novembro de 2014

“A SOCIEDADE TEM QUE APRENDER A CONVIVER COM TODAS AS FORMAS DE FAMÍLIA”, DIZ ESPECIALISTA.


10 de novembro de 2014
Foi-se o tempo em que as famílias eram formadas exclusivamente por homens e mulheres. De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, existem pelo menos 60 mil famílias homoafetivas brasileiras, das quais 53,8% são formadas por mulheres.
Os números vêm crescendo e mostra que cada vez mais os casais gays optam por criar seus próprios filhos. Outra pesquisa feita pela Escola de Direito da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, divulgou que 1 milhão de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais criam atualmente cerca de 2 milhões de crianças. A estimativa é de que 14 milhões de crianças, em todo o mundo, convivam em lares formados por pessoas do mesmo sexo. Por ser tão expressivo, o assunto gera mitos, dúvidas, preconceitos e medos. E uma das principais perguntas é: A orientação sexual dos pais pode definir a dos filhos?
Para tentar esclarecer alguns questionamentos, o Siga a Cegonha, procurou Claudio Picazio, que é especialista em sexualidade humana, psicólogo clínico há quase 30 anos, atende adolescentes, adultos e casais homossexuais e foi consultor do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação no projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE).
“A orientação sexual dos pais não influência a orientação sexual dos filhos. Se isso fosse verdade, não haveria gays, a grande maioria dos pais de gays são heteros. A descoberta da orientação sexual é pessoal individual e não influenciável. O que os pais influenciam é na maneira de se relacionar com o mundo e na forma com que esse desejo será expresso. E se caso pais gays tiverem um filho também gay, foi por puro acaso. E qual seria o problema disso? Uma vez que homossexualidade não é opção e tão pouco doença ou perversão”, explicou.
O fato de uma criança não ter a presença de um sexo oposto ao que se é criada, também é uma das questões que influenciam aqueles que são contra a adoção por homossexuais. De acordo com Picazio, a criança vai se aproximar com quem ela mais se identificar. “Quantos meninos heteros se identificam mais com as mães e quantas meninas hetero se identificam mais com os pais? Muitos. E nem por isso o seu desejo sexual é homossexual. Conheço inúmeros gays que se identificam com o pai e são gays. Uma criança filho de casais do mesmo sexo conviverá sempre com os dois sexos, elas terão avós, tios, padrinhos e muitos outros modelos de masculino e feminino na vida”, contou.
É percebível que, embora a Justiça venha adquirindo uma profunda mudança de posicionamento, nos últimos anos, referente às decisões no âmbito da adoção por casais homoafetivos, seja por posicionamentos, políticos ou religiosos, a sociedade ainda carece de uma grande transformação em sua postura diante deste tema. Sobre o fato de a sociedade estar preparada para aceitar e respeitar um casal que se propõe a amar e cuidar de uma criança, o especialista afirma que é necessário que se aprenda a conviver com todas as formas de família e de possibilidade amorosa. “Uma sociedade que não sabe conviver com o amor só pode ser uma sociedade extremamente doente”, finalizou.
https://sigaacegonha.wordpress.com/…/a-sociedade-tem-que-a…/

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