quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O TELEFONE TOCOU. ERA A NOTÍCIA MAIS IMPORTANTE PARA O CASAL RAUL E JAC. ERA O FILHO ADOTIVO QUE ESTAVA A CAMINHO.


Jac e o nome de seu filho querido, a plena realização de ser mãe através da adoção.
Olá Minhas amigas!
Hoje vamos falar de uma linda história real de amor e fé. Vamos falar de ADOÇÃO.
Um assunto sério e que muitas famílias vivenciam esta espera que na maioria das vezes é muito angustiante, mas que pode ter um final feliz.
Eu o conhecia por nomes, Raul e Jac. Mas eu não sabia o que este maravilhoso casal já havia passado para conseguir adotar um filho.
Me aprofundei mais na história deles quando eu estava na equipe de comunicação do jornal da igreja a qual fazemos parte. Todos do nosso grupo estavam muito emocionados quando receberam a notícia que o Raul e Jac havia conseguido adotar um bebê e acho que todo o movimento encheram os olhos de lágrimas quando descobriram que eles tinham realizado o maior sonho da vida deles – adotar um anjo. E este anjo se chama Daniel.
Enquanto eu estava a caminho para buscá-lo e vê-lo pela primeira vez, para mim a emoção era como se fosse de um parto, indo para a maternidade. Quando cheguei, lá vinha ele, nos braços de uma mulher. Dormindo no colo dela, eu perguntei: POSSO PEGÁ-LO?
E ela me respondeu com um largo sorriso:
É claro, ele é seu.
Já nos meus braços, ele abriu os olhinhos e olhou para mim. Tranquilamente voltou a dormir na mesma hora. A sensação que tive era que ele pensou assim:
Estou bem, estou com a minha mãe.
Por Jac.
Falar sobre adoção sem viver uma história real ficaria muito vago.
Há meses estou pensando como abordar um assunto tão delicado e ao mesmo tempo conseguir um depoimento verdadeiro de pessoas que conseguiram através de muita fé e esperança adotar uma criança e hoje, ser uma família completa.
Deus providencia cada coisa em nossa vida e uma delas foi conversar com a Jac para fazer esta entrevista. Deu para sentir em suas palavras, em sua entonação pelo telefone mesmo, a alegria e o amor imenso que ela têm pelo seu filho. Com certeza, as lágrimas rolaram de lá e de cá também, ela me deu ainda mais força e coragem de ser uma mãe cada dia melhor para o Paulo Neto. E quando desliguei o telefone, a sensação que tive foi de paz e felicidade em ser mãe e de saber que existem mães como ela.
Nesta entrevista, Jac falou de todos os passos e processos para adotar uma criança, o que compensa e o que também não compensa. Aqui você vai encontrar além de muitas dicas, uma história de amor e de espera, mas nunca de desistência.
CAROL – QUERO ADOTAR UM FILHO. COMO DEVO FAZER? QUAL É O PRIMEIRO PASSO?
Jac – A primeira coisa a fazer é procurar o Juizado da Infância e Juventude da cidade onde reside preencher uma ficha de Inscrição para Adoção e esclarecer qualquer dúvida a respeito de como funciona o processo.
CAROL – QUANTOS ANOS VOCÊS ESPERARAM NA FILA DE ADOÇÃO?
Jac – Contando desde a data de inscrição, até quando recebemos o telefonema que mudou nossas vidas, foram 4 anos, 6 meses e 18 dias. Uma longa e angustiante espera que foi esquecida com a chegada do Daniel.
CAROL – O IDEAL MESMO É FAZER TUDO DE FORMA LEGAL? DENTRO DAS NORMAS JURÍDICAS?
Jac – Com certeza é o melhor caminho. De outra maneira sempre haverá o medo de que, de uma hora para outra, alguém possa tirar a criança dos seus braços. Hoje com certidão de nascimento dele nas mãos e em nosso nome, temos certeza que valeu a pena esperar e fazer tudo da forma correta.
CAROL – JÁ TIVERAM ALGUM CASO FRUSTRANTE SOBRE ADOÇÃO? QUANDO FOI?
Jac – Acho que a maioria das pessoas que esperam para adotar já passou por frustração de alguma forma. Quando você decide-se pela adoção, ilude-se achando que vai ser rápido e a primeira frustração é quando percebe que pode ser bem mais demorado do que os 9 meses de uma gravidez normal. Nós também passamos por outra grande frustração em 2007. Estávamos tentando adotar um bebê em outra cidade. A mãe-bio ia nos entregar a criança assim que nascesse e iríamos procurar o Juizado da Infância e Juventude para, juntamente com ela, legalizar a situação. Seria a “adoção consensual” – que é quando a mãe-bio indica o casal para quem ela quer entregar o filho. Esse tipo de adoção depende do juiz e hoje, com as mudanças na Lei de Adoção acredito que seja bem mais difícil de acontecer. Enfim, preparamos tudo… quarto, enxoval, família, amigos, todos esperando ansiosamente pela chegada do bebê. Acho que nosso erro foi nos envolvermos com a mãe-bio. Começamos a ajudá-la financeiramente, pagamos consultas médicas, exames, alimentação e outras necessidades. Faltando uns 20 dias para a data prevista para o parto, viajamos para a tal cidade com a certeza de que voltaríamos com o bebê nos braços. Chegando lá, começamos a perceber que a história não era bem o que pensávamos e o que ela queria na realidade era alguém que cuidasse de seu filho enquanto pequeno, mas sob vigilância e controle dela. Não estávamos preparados para isso e comecei a sentir certo medo do que poderia acontecer. Fomos conversar com um advogado, explicamos toda a situação e ele nos aconselhou a não seguir adiante primeiro porque o juiz daquela cidade não aceitaria esse tipo de adoção e segundo que, mesmo que ele concordasse tudo indicava que ela poderia desistir de entregar a criança durante o processo e isso seria muito mais doloroso. Sofremos muito com isto, pois parecia que estávamos desistindo de um sonho… pedia muito a Jesus que nos mostrasse o que fazer. Alguns dias antes do bebê nascer, soubemos que havia outra família que ficaria com a criança. Tudo indica que ela já conhecia esta família, pois morava na mesma cidade dos pais adotivos do terceiro filho dela (essa era a quarta gestação). Não foi fácil dar a notícia à família, aos amigos e mais difícil ainda voltar para casa, mas Deus nos dá forças e nos ajuda a seguir em frente.
CAROL – QUANDO FOI QUE VOCÊ RECEBEU A PRIMEIRA LIGAÇÃO AVISANDO-A SOBRE O SEU FILHO, DANIEL?
Jac – Foi numa sexta-feira, exatamente no dia em que ele estava completando três meses. O mais engraçado é que quatro dias antes desta ligação eu havia recebido um e-mail de uma prima falando sobre uma outra mãe que queria entregar o bebê, como da outra vez e eu respondi à ela que não queríamos passar por aquela situação novamente, que iríamos esperar, pois eu tinha certeza que a qualquer momento o telefone iria tocar e alguém do outro lado da linha iria dizer “seu filho (a) está esperando por vocês, venham buscá-lo (la)” …
CAROL – QUAL FOI A SUA SENSAÇÃO QUANDO VOCÊ DESLIGOU ESTE TELEFONEMA?
Jac – O Raul atendeu a primeira ligação e veio falar que tinham ligado do fórum avisando que havia um bebê de três meses, menino e que nós éramos os próximos da fila e se estávamos interessados… claro que a resposta era ‘SIM’. Eu liguei novamente para lá, pois não aguentaria esperar até que a assistente social entrasse em contato. Ela não nos deu muitas informações além do que já tinha dito e marcou para irmos ao fórum na segunda-feira, pois teríamos que conversar com a psicóloga que não estava naquele dia. Foi o mais demorado final de semana das nossas vidas… estávamos ansiosos esperando a segunda-feira. Combinamos não contar nada a ninguém, pois não queríamos que sofressem outra decepção e não sabíamos o que aconteceria. Na segunda-feira chegamos lá 40 minutos antes do horário marcado e após uma longa conversa com a psicóloga ela nos mostrou uma foto dele e perguntou se queríamos ir conhecê-lo. Na hora falei “- só conhecer? Não vamos poder levá-lo para casa?” Isso dependia da autorização da juíza. Fomos levados até a sala da juíza e quando ela disse que nos autorizaria ir conhecê-lo eu repeti a mesma frase “- só conhecer? Não vamos poder levá-lo para casa?” Ela olhou bem para nós e disse: “ – Tudo bem, podem levá-lo para casa”. Foi a maior correria da psicóloga que já entrou em contato com o local onde ele estava e providenciou a documentação necessária.
CAROL – O ATO DE PEGAR UM FILHO ADOTIVO NOS BRAÇOS É A MESMA DE UM PARTO? O QUE VOCÊ SENTIU?
Jac – Não sei qual é a emoção de um parto. Mas a emoção que senti a caminho do abrigo onde ele estava deve ser a mesma de quem está indo para a maternidade. Quando a enfermeira trouxe-o para nós ele estava dormindo, eu perguntei se podia pegar e ela respondeu; -“ claro, ele não é seu?” Parecia que meu coração ia explodir dentro do peito, não sabia se ria ou chorava e assim que peguei ele nos braços, abriu os olhinhos, olhou bem para mim e o Raul, e voltou a dormir tranquilamente, como se pensasse “finalmente estou nos braços de minha mãe e do meu pai.” Foi a maior emoção que já senti e ainda sinto quando lembro.
CAROL – COMO FOI A SUA PRIMEIRA NOITE COM O DANIEL?
Jac – Assim que saímos com ele do abrigo, passamos numa igreja, pois era algo que eu sempre desejei fazer: poder agradecer a Deus e a intercessão de Nossa Senhora pela benção de estar com meu filho nos braços. Quando chegamos em casa foi a maior alegria, até então ninguém sabia de nada e ficaram eufóricos com a chegada surpresa dessa criança tão esperada, desejada e já amada por todos. Depois de muita comemoração, risos e choros (de alegria, é claro!) para ele foi muito tranquilo, dormiu a noite toda afinal, estava em sua casa. Eu e o Raul é que parecíamos dois cães de guarda em volta dele. Não conseguimos dormir direito. Era a realização de um sonho ter ele ali, dormindo no berço ao nosso lado… claro que acabou dormindo na nossa cama, entre nós dois.
CAROL – QUAL É O SEU CONSELHO PARA MULHERES QUE POSSUEM O SONHO DE ADOTAR UM FILHO?
Jac – Que entreguem-se nas mãos de Deus e não desistam nunca pois não existe nada mais gostoso do que ouvir alguém te chamar de “mamãe”!
CAROL – COMO É A SUA VIDA HOJE, SUA E DO RAUL, COM O DANIEL EM CASA?
Jac – Nossa vida mudou completamente. Tudo aqui em casa era muito no lugar, muito ‘arrumadinho’ e é muito bom ver a casa cheia de brinquedos espalhados, uma alegre bagunça. Hoje sinto que somos uma “FAMÍLIA” e a vida tem novo sentido, pois Deus confiou a nós um de seus filhos e somos responsáveis por fazer dele uma pessoa de bem.
CAROL – O QUE É SER MÃE PARA VOCÊ?
Jac – É a maior benção que uma mulher pode receber. Não importa se gerado por ela ou não. Ser mãe é dar carinho, educação, amparar, dar amor e ensinar a amar, passar valores éticos e religiosos. Ser mãe não é gerar filho só no ventre, mas sim, e principalmente no coração.
CAROL – SE VOCÊ PUDESSE FALAR COM DEUS, O QUE VOCÊ FALARIA PARA ELE?
Jac - O que faço sempre que recebo um sorriso lindo do Daniel, ou quando ele diz mamãe… quando está dormindo tranquilo ou quando me abraça, fazendo carinho…
“Muito obrigada Senhor por está benção em nossas vidas! Obrigada por nos permitir sentir esse amor imenso que temos pelo nosso filho.” Eu sempre digo ao Raul que Deus é mesmo maravilhoso por nos mostrar, através do Daniel, o quanto somos capazes de amar.
Eu, Carol Siqueira, quase não tenho palavras para aqui escrever sobre adoção. Nada melhor do que conseguir, superar, vencer. Mesmo com tantas lágrimas, com as decepções e com as incertezas… este casal nunca desistiu. O sonho de ser mãe, o sonho de ser pai foi mais forte e Deus providenciou o filho querido, apenas um bebê de 3 meses, o esperava para ser amado. Enquanto estava no telefone com a Jac eu ouvia o Daniel falar mamãe e consegui viver um pouco da alegria e da emoção de Jac do sonho de ser mãe.
E quantas mães não querem os seus filhos, o rejeitam na gravidez ou até mesmo quando nascem não o educam e não a amam como deviam. Ser mãe significa doação de amor, de carinho, de respeito e de uma imensa responsabilidade de fazê-lo feliz para que quando ele sair pelo mundo afora, ele relembrar de seus valores e de seus pais com ternura e amor eterno.
Ser mãe para mim é isso. Ser mãe é viver tudo isso com muita intensidade e fé em Deus.
Ser mãe é um risco, talvez o mais incerto, mas com certeza o mais abençoado.
Por Carol Siqueira.
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