sábado, 13 de dezembro de 2014

ANGAAD & ACALANTO - Instituições contribuem para o crescente número de adoções no Brasil

Adoção
Sexta-feira, 28 de Novembro de 2014
Há 20 anos, sensibilizando a sociedade para a realidade da adoção no Brasil. Essa é a prerrogativa da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), com sede em Recife, que tem ainda como eixo fundamental trabalhar pela garantia do direito à convivência familiar e comunitária de toda criança e adolescente institucionalizada (em abrigos). A Angaad é referência para 125 grupos que auxiliam a adoção em todo o País, os apoiando e os representando, principalmente, em instâncias superiores.
Suzana Schettini– diretora da Angaad, ressalta que a Associação Nacional dos Grupos de Adoção trabalha no dia a dia, para que se ampliem possibilidades de adoção, principalmente, nos casos de adoção tardia. “Então, nós trabalhamos para uma cultura de adoção no País. Nós trabalhamos desmitificando-a, mostrando a sociedade sobre a possibilidade de adoção de crianças maiores, independente da cor e se tiver alguma necessidade especial”, frisa.
Schettini aponta que, por força desta rede nacional, em todo o Brasil é debatida a importância da adoção, de como é necessária e como pode beneficiar tantas crianças como também famílias, em razão de que muitas crianças estão fadadas a serem esquecidas nos abrigos por terem idade mais avançada. “A gente começa a se envolver nessa militância, tentando trabalhar na sociedade crenças, mitos, preconceitos, abrindo fronteiras, trabalhando nas escolas, na necessidade de se discutir as configurações familiares”, ressalta.
SEM AFAGOS
Chamando a atenção para a triste realidade, onde milhares de crianças  estão nos abrigos do Brasil, sem o afago e afeto de uma mãe, um pai ou de alguém que lhe ame, Schettini dá conta de que cerca de seis mil crianças estão prontas para serem adotadas, e na outra ponta, 30 mil pretendentes. A disparidade no cálculo, explica Suzana, é que, infelizmente, a grande maioria dos pretendentes desejam crianças menores, com idades de zero a três anos. “Nós procuramos famílias para crianças institucionalizadas e não crianças com um perfil desejado para as famílias” pontua, salientando ser esta uma importante mudança na cultura da adoção.
Suzana ressalta ainda que a Angaad trabalha junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para promover a agilidade nos processos. Ela defende que a Lei de Adoção tem que ter prioridade e salienta que, em muitas comarcas, não existem equipes técnicas para auxiliar na resolução dos casos, fazendo com que muitas crianças cresçam nas instituições. “São juízes clínicos gerais. As crianças estão nos abrigos aguardando o processo ser visto, mas não tem pessoal suficiente para gerenciar os trabalhos”, pontua.
Sobre esta realidade, Schettini preferi não culpar os tribunais. “Se eles não têm condições de desempenhar o trabalho, não podemos culpá-los”, diz, afirmando ainda que, se em muitas cidades grandes a realidade é devastadora, as Comarcas dos interiores são detentoras de realidades ainda mais dramáticas. “Não funciona. Por isso, os grupos de apoios à adoção precisam trabalhar junto com o Poder Público, porque só assim, unidos, podemos suprir algumas deficiências”, conclui.
Fortaleza ganha grupo de apoio à adoção
Assim como cerca de 125 Grupos de Apoio à Adoção (GAA) espalhados pelo Brasil, há menos de dois anos, a Organização Não Governamental (ONG) Acalanto de Fortaleza realiza um trabalho essencial, onde, mais do que esclarecer dúvidas, vem promovendo encontros transformadores na Capital. O grupo disponibiliza apoios jurídico e psicológico a quem pretende adotar uma criança. Na Capital, 20 voluntários entre jornalistas, advogados e psicólogos contribuíram para que 10 crianças deixassem abrigos, devolvendo-lhes o direito de ter um lar, recebendo o amor e os cuidados de uma família. “Além da transformação na vida dessas crianças, os pais que adotam também são os atores a serem modificados por essa decisão”, completa a diretora da ONG, a jornalista Karine Zaranda.
O acompanhamento da instituição é realizado desde as primeiras trocas de informações até a hora de “arrumar a mala” das crianças e buscá-las nos abrigos. Não para por aí. Mesmo após serem adotadas, a Acalanto continua auxiliando a família na nova caminhada. A experiência vem dando certo, o grupo planeja novas frentes de trabalho, como tratar sobre adoção nas escolas e capacitar os profissionais nas instituições de acolhimento.
A falta de informação sobre o processo de adoção destaca a diretora do grupo, são os primeiros percalços que inviabilizam o processo inicialmente. “Até os advogados que acompanham as famílias, muitos, não têm conhecimento da causa e prejudicam toda a ação”, salienta Karine, enfatizando a importância da articulação da Acalanto na orientação às famílias e até mesmo aos advogados.
“A missão do grupo é trabalhar por uma nova cultura de adoção. Ampliar, por exemplo, o olhar para as adoções necessárias”, frisa. Apesar de ainda não ter sede fixa, o grupo realiza, por meio de um calendário, reuniões abertas, que acontecem na Avenida Padre Antônio Tomás, 3535. Cerca de 20 famílias contam com a experiência do grupo, para adotar uma criança.

ADOÇÕES NECESSÁRIAS
A ONG informa sobre os primeiros passos sobre as documentações e trabalha, juntamente com as famílias, os entraves jurídicos que atrasam o processo de adoção. O grupo tem motivos para comemorar, haja vista ter conseguido trabalhar, em muitos abrigos de Fortaleza, as adoções necessárias, a fim de que crianças com idades mais avançadas ou que possuem algum problema de saúde, fossem adotadas.
O trabalhos de instituições, como a Acalanto contribui diretamente para o aumento do número de adoção de crianças, sem a preferência de cor e idade. Segundo o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), em outubro de 2013, das 5,4 mil crianças e jovens disponíveis para adoção - 4,3 mil (80%) - estão na faixa etária acima de nove anos. Entretanto, a mesmo instituição comemora o crescimento de 9% - entre 2010 a 2014 – pela procura pela adoção de crianças com os perfis faixa etária mais avançadas.
“A criança que é adotada não ganha só uma família; ela ganha o direito de sonhar, amplia horizontes. A transformação ocorre não só na criança, mas da família que a adotara”, ratifica Karine Zaranda.

RAISSA, A BAILARINA
E foi vendo como a vida pode ser transformada, ampliada em todos os sentidos por causa de uma adoção, que a Acalanto nasceu e transformou a vida dos 20 voluntários que, diariamente, empenham-se em retirar mais crianças esquecidas dos abrigos. O Acalanto surgiu após a adoção de Raissa, que, em 2012, chegou no lar de Eliane de Oliveira e de seu esposo Itamar.
A adoção de Raissa parecia improvável, em razão de que, na época, a criança ainda não tinha sido destituída do poder familiar, e estava fadada a viver mais tempo no acolhimento institucional. Mas foi buscando informações e aprofundando-se na Lei da Adoção, que Eliane reverteu o 1% de chance, em 99% de certeza. Ela entrou na Justiça com um processo destituição familiar, cumulada com a guarda provisória. O resultado foi positivo.
Na época, os atuais voluntários da Acalanto desempenhavam seus papéis  em casas de adoção, mas, sensibilizados com a reviravolta na vida de Raissa e de seus pais, o grupo decidiu constituir-se como ONG.
A pequena  teve a vida modificada aos seus quatro anos e, hoje, com seis, desfruta de todos os direitos assegurados a uma criança. “Tive que adotar uma  rotina que não tinha antes. Os lugares que eu frequentava, eu não me preocupa se tinha o Espaço Kids. Agora, eu não vou em lugar nenhum que não tenha um espaço para ela brincar”, disse feliz Eliane.
“Estou frequentando festas de aniversários de crianças que há tempos não frequentava, reuniões de pais na escola”, afirmou.
A mãe de Raissa é uma das fundadoras da Acalanto. “São novas portas para novas realidades que vão surgindo, como escola, na família, no condomínio, e os pais que estão pretendendo adotar precisam ouvir de pessoas experientes”, pontuou.
Por rochana lyvian

http://www.oestadoce.com.br/noticia/angaad-acalanto-instituicoes-contribuem-para-o-crescente-numero-de-adocoes-no-brasil 

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