terça-feira, 9 de dezembro de 2014

LONGA FILMADO NO PARÁ CONTA HISTÓRIA PESSOAL

  • Domingo, 07/12/2014

    Esta semana, Belém e Vigia de Nazaré são cenários de uma produção cinematográfica repleta de estrelas. A diretora de arte Brigitte Broch, que faturou o Oscar por seu trabalho em “Moulin
    Rouge”, e o diretor de fotografia Inti Briones – vencedor do Festival de Veneza por “Las Niñas Quispe” e responsável pela fotografia de “To Kill a Man”, grande prêmio do Júri em Sundance, que é apontado pela revista “Variety” como um dos dez profissionais mais importantes do setor. O elenco principal traz nomes bem conhecidos: os brasileiros Maria Flor, Julia Lemmertz e Marcelo Anthony, o neozelandês Erroll Shand e a irlandesa Fionnula Flanagan. O roteirista Marcos Bernstein é o mesmo que assinou os sucessos “Central do Brasil”, “Chico Xavier”, “Faroeste Caboclo” e ‘Zuzu Angel”.
    O filme “Pequeno Segredo”, de David Schurmann, é um longa de ficção baseado na própria história da família do diretor, que também inspirou o best-seller homônimo escrito pela mãe de David, Heloísa Schurmann. Com estreia prevista para 2015 nos cinemas de todo o país, e com intenção de participar dos principais festivais mundiais de cinema, o filme mostra três histórias interligadas por um segredo, guardado durante muitos anos sobre a história de adoção, pela família Schurmann, de Kat, criança portadora do vírus HIV que faleceu em 2006. O longa é uma coprodução da Schurmann Film Company, liderada por Vilfredo Schurmann e o próprio David, com a Ocean Films, que tem à frente o produtor João Roni.
    “A história, na sua raiz, é a mesma do livro, mas a forma de contar é diferente. O livro é contado sob o ponto de vista da minha mãe, Heloísa Shurmann. É um ponto de vista de mãe e tudo que ela viveu na batalha dela. Já o filme traz o ponto de vista de irmão, é uma fábula, uma história um pouco mais leve, diferente”, explica o diretor, que deixa claro que “Pequeno Segredo” não é uma adaptação do livro para as telas.
    “A narrativa do filme é completamente diferente e foca nas trágicas e belas vidas de três famílias. Existe um elo entre elas, mas são três núcleos que protagonizam suas próprias histórias, que chegam a se cruzar. Tem muita diferença entre o livro e o filme, por mais que a história seja exatamente a mesma, no sentido de que é a historia da Kat”, acrescenta David.
    Do Pará a Nova Zelândia
    O filme já teve locações em Florianópolis (SC). A equipe chegou ao Pará no dia 2 e terá duas semanas de filmagens por aqui, trazendo oportunidades para a mão de obra local, em atividades de produção, como figurino, arte e locações. Também traz de volta à terra um paraense, o maquiador Uirande Holanda, que há 25 anos deixou a cidade para trabalhar com cinema. Na etapa final, David Schurmann retorna com a equipe para a Nova Zelândia, onde se formou e iniciou sua carreira de cineasta, para filmar as cenas restantes do longa.
    “O Pará foi escolhido como locação porque oferece uma geografia, uma natureza interessante. A cidade que nós precisávamos para o filme era uma cidade ribeirinha, menor, que tivesse uma característica mais pitoresca e escolhemos aqui. Além disso, tivemos uma estrutura interessante de apoio às filmagens”, esclarece o diretor.
    Em Belém, as filmagens acontecem em portos e cais da cidade enquanto que em Vigia as locações aproveitam a natureza e casas preservadas. “Precisávamos de um porto ou cais que remetesse ao ano de 1989 e vimos vários locais que tinham essas características. Em Belém vamos filmar do outro lado da cidade, em um pequeno braço de rio que é muito bonito e bem preservado, com mata e casas lindas, tipicamente locais. É em Vigia de Nazaré que vamos filmar a maior parte das cenas, porque é uma cidade que tem elementos que nos remetem a tempos atrás, com casas mais típicas, esses locais que são muito verdadeiros e regionais”, argumenta David.
    A etapa que é filmada no Pará conta justamente uma parte da história que aconteceu aqui no norte do país, quando a brasileira Jeanne, interpretada por Maria Flor, e o gringo Robert, vivido por Erroll Shand, os pais de Kat, se conhecem e se apaixonam.
    “Vamos mostrar como esperança, sonhos e destino podem unir pessoas de diferentes partes do mundo. Espero que o longa faça as pessoas refletirem sobre vários assuntos. Um deles é o amor, e amor em família. Que família não é só família de sangue, mas também é de adoção. O filme também fala de preconceito, de HIV, de bullying, e sobre como pessoas de mundos diferentes podem se tornar grandes amigas. O emocionante é falar de relação de pais e filhos e de como lidar com uma criança com HIV”, complementa o diretor.
    Por trás das telas

    Os Schurmann ficaram muito conhecidos pela sua coragem e pela escolha de vida inusitada. Em 1984, o economista Vilfredo e a professora Heloísa abandonaram a vida comum em terra firme para viajar pelo mundo a bordo de um veleiro, acompanhados dos três filhos pequenos, Wilhelm, na época com 7 anos, David, 10, e Pierre, 15.
    Foram dez anos velejando pelo mundo, tornando-se a primeira família brasileira a dar a volta ao mundo a bordo de um veleiro. Na segunda aventura, em 1997, os Schurmann tinham uma nova tripulante: a filha Kat, então com apenas 5 anos.
    A Expedição Magalhães Global Adventure foi acompanhada por milhões de pessoas no Brasil e em mais 43 países, via internet e TV, como atração especial do programa “Fantástico”, da TV Globo. Foram dois anos e meio no mar, com uma chegada em Porto Seguro, na Bahia, no dia 22 de abril de 2000, para participar das comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil.
    Mas o que a imprensa não via era que a relação encantadora da família com Kat tinha um desafio particular e pouco conhecido, que era a batalha contra o HIV. Após o falecimento da menina, em 2006, ela recebeu uma homenagem e o veleiro que está na Expedição Oriente, recém iniciada como quadro mensal do Fantástico, leva o nome da pequena estrela da família.
    (Diário do Pará)
    http://diariodopara.diarioonline.com.br/impressao.php...



Nenhum comentário: