segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

PESQUISADORA CONDENA MITOS EXISTENTES SOBRE ADOÇÃO DE CRIANÇAS


janeiro 18, 2015
Júlia de Aquino
Tribuna da Internet
Site da UERJ
Mãe adotiva há mais de duas décadas, Ana Perez Pacheco escolheu o tema “adoção” para concluir seu mestrado em Saúde Coletiva no Instituto de Medicina Social da UERJ, em 2008. A dissertação, contudo, abrange diversos aspectos acerca do assunto, como a reflexão sobre uma possível adoção aberta e sobre a situação da mãe doadora. Além disso, sinaliza para a importância de uma discussão sobre mitos e preconceitos que cercam o tema.
Para a autora, é essencial reconhecer as diferenças econômicas e culturais existentes entre as duas famílias (biológica e adotiva), para, a partir daí, buscar uma adoção aberta, sempre privilegiando os interesses da criança. Segundo Ana, “a necessidade da verdade envolve não só o fato de se revelar à criança adotiva a sua condição, mas principalmente a possibilidade de se lidar com esta condição de forma cristalina”.
MÃES INVISÍVEIS
Em sua análise, ela expõe que a as mães que doam seus filhos são consideradas invisíveis, apesar de nosso sistema ainda enxergar os laços de sangue como prioridade. A expressão “luto não franqueado” está relacionada ao luto vivido por essas mulheres, que por inúmeras razões optam pelo caminho da doação de seus filhos e acabam sendo marginalizadas. O estudo aponta que o conceito de “abandono” é tratado de forma equivocada, já que em muitas situações a “entrega” (termo mais utilizado nesses casos) está relacionada ao sentimento de amor.
Mitos também contribuem para que o assunto, ainda hoje, seja considerado um tabu. Muitos enxergam a adoção como um ato de caridade. Também há a crença infundada no risco de um suposto desvio de caráter genético do indivíduo adotado, além de outros mitos como o da rejeição por parte da criança no momento em que ela souber sobre sua verdadeira origem. Tantas crenças, segundo a autora, têm alicerce nos dogmas sociais e no senso comum, já que o Ocidente não trata do assunto com naturalidade: “A adoção é algo que foge ao ‘natural’ da cultura ocidental moderna, fincada na tradição da família consanguínea”.
A pesquisa relembra, por fim, a importância da implantação de políticas de governo e de ações comunitárias para se estimular a adoção consciente, além do apoio a diversos tipos de relação, como a homoafetiva e a socioafetiva, por exemplo. Segundo a pesquisa, “as novas configurações familiares trazem consigo também novas possibilidades de adoção”.
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