segunda-feira, 13 de junho de 2016

Como um time de futebol pode ajudar na adoção de crianças (Reprodução)

André Cabette Fábio 13  jun 2016

O Sport Club do Recife se engajou em uma causa pouco usual para times de futebol: a adoção de crianças. Com foco em jovens acima de sete anos de idade, a campanha “Adote um Pequeno Torcedor” faz parte de uma parceria com a Segunda Vara da Infância e Juventude do Recife.
Ela busca chamar atenção para um problema nacional. Apesar de haver 35.857 adultos interessados em adotar, 6.621 crianças aguardam adoção no país atualmente.
Um dos motivos pelos quais essa conta não fecha é o perfil procurado por esses candidatos a pais e mães. Cerca de 91% deles buscam crianças com no máximo 6 anos de idade, mas 76% das crianças à espera de adoção têm 7 anos ou mais.
Os dados são do Cadastro Nacional de Adoção, mantido pelo Conselho Nacional de Justiça. Ele não inclui crianças em unidades de acolhimento que ainda tenham vínculos com a família biológica ou cujo processo de destituição familiar ainda tramita na Justiça.

Como funciona o projeto do Sport?

Na ação do Sport, 43 crianças com 7 anos ou mais tiveram seu perfil divulgado através de vídeos na internet. O tema da falta de pais interessados em adotar crianças mais velhas é abordado por um minidocumentário. O jovem Williams, de 17 anos, foi adotado por meio do projeto.
“Eu fico com um negócio ruim dentro de mim, porque vejo as pessoas com a sua família, com seu pai e com sua mãe, e eu nunca tive esse carinho de pai e de mãe desde pequeno”
Williams
Jovem que participou de campanha de adoção do Sport
Com repercussão nacional, o projeto levantou a bandeira da adoção de crianças mais velhas. E conseguiu fazer com que jovens participantes integrassem uma família.
Entre agosto de 2015 até junho de 2016, 17 crianças foram adotadas, inclusive Williams. Sua sorte é quase impensável para quem não participa desse tipo de ação - apenas 0,06% dos interessados em adotar querem crianças que atinjam a faixa dos 17 anos de idade.
“Quanto mais o pretendente restringe o perfil da criança, mais tempo vai levar na fila de espera”

Como adotar uma criança?#

A campanha do Sport Club dá visibilidade para os jovens postulantes à adoção, mas o passo a passo para adotar continua o mesmo. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, o processo é o seguinte:

Passo a passo para a adoção

Idade mínima
A idade mínima para quem quer adotar uma criança é 18 anos de idade, independente do estado civil. A diferença entre o aspirante a pai ou mãe e a criança a ser adotada deve ser, no entanto, de, no mínimo, 16 anos.
Documentos
Os documentos necessários são CPF; certidão de casamento ou nascimento; comprovante de residência; comprovante de rendimentos ou declaração equivalente; atestado ou declaração médica de sanidade física e mental; certidões cível e criminal.
Petição
O pedido deve ser feito junto à Vara da Infância e Juventude do município por meio de uma petição assinada por um defensor público ou advogado particular.
Avaliação e preparação
É necessário participar de um curso de preparação psicossocial e jurídica. Depois disso, candidatos passam por avaliação de sua situação econômica e psicoemocional, que varia de acordo com o local. Ela pode ser feita via entrevistas e visita domiciliar.
Escolha do perfil
Nas entrevistas, aspirantes a pais e mães podem determinar detalhes como sexo, faixa etária e estado de saúde da criança.
Ministério Público
O resultado é encaminhado ao Ministério Público que formula um parecer e o envia ao juiz da Vara da Infância.
Inclusão nos cadastros
Se o aspirante a adotar for aprovado pelo juiz, seu nome é incluído em um cadastro válido por dois anos.
Criança
O tempo de espera varia de acordo com a disponibilidade de crianças no perfil desejado. O perfil e a história da criança são apresentados aos pretensos pais. Após o encontro, a criança, quando capaz para isso, é questionada sobre se há interesse em continuar o processo de adoção.
Guarda provisória
Após um período de aproximação nas instituições de acolhimento, a criança pode ser liberada enquanto a ação de adoção continua. Isso ocorre apenas caso haja interesse das duas partes. O pretendente recebe a guarda provisória e a criança passa a morar com a possível nova família. Uma equipe técnica continua a realizar visitas até que a ação se conclua.
Sentença
Se tudo correr bem, o juiz confere a sentença de adoção. É feito um novo registro de nascimento, com o sobrenome da nova família. O primeiro nome da criança pode ser trocado.


Reproduzido por: Lucas H. 




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