segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Pai cultiva quatro formas de amor por cinco filhos e duas netas na Paraíba (Reprodução)

14/08/2016

José Carlos Patriota é conhecido pelos familiares e amigos como Zé. Zé do sorriso frouxo e humor cotidiano. Zé, morador de João Pessoa, de chinelos nos pés e óculos com lentes laranjas, no melhor estilo Xico Sá. Zé, nessa mistura de juventude e maturidade, é quatro vezes pai.

Tem 57 anos e leva no coração a saudade de dois filhos que a vida levou cedo demais. Mas nutre também o amor natural de um pai por filhos de sangue, o carinho cultivado por uma criança - hoje adulta - que resolveu abraçar como pai e a doçura de ser avô de duas netas. “Sou um pai misturado”, é como se define. Zé tem um só coração, biologicamente pequeno, mas gigantesco e que abriga um total de cinco filhos.

Rafael, Ramon, Saulo, Caína e Jullie. São esses os nomes das cinco pérolas que fizeram da vida de Zé uma alegria maior. “Cada um deles representa uma parte da minha vida. Cada um deles é como se fosse uma projeção da minha própria vida. Uma razão para continuar vivendo e querer viver mais”, destacou.

Duas partidas prematuras

O primeiro filho do motorista de olhos azuis estaria hoje com 32 anos se a vida não tivesse mudado a lógica das coisas. Contrarindo a ideia de Zé, de que os pais devem cuidar do filho a vida inteira, Rafael foi embora sem se despedir em 2011. “A natureza do pai é cuidar do filho, porque o amor é tão grande que se não cuidar ele explode”, ressalta. Zé explode um pouquinho todos os dias. A morte de Rafael foi inesperada e dolorosa. “É uma chaga que você carrega para o resto da vida. Todos os momentos você lembra. É uma marca para o resto da vida, não tem como apagar”, lamentou.

Zé lembra da data exata de quando tudo aconteceu, não é possível para ele esquecer nem por um segundo a despedida de um filho que nasceu com festas. Quando Rafael decidiu chegar ao mundo, Zé era um homem de “farras”, como ele mesmo conta. Não atentava muito para regras e como a gravidez já havia sido, na época, um desvio de todas elas, já que se tornaram pais ainda quando namoravam, Zé resolveu ser o homem mais feliz do mundo sem impedimentos. “Invadi a maternidade com um monte de comida que não podia, milho assado, canjica. Foi uma loucura”, relembra. Nesse momento, Zé foi pai pela primeira vez.

Dos cinco filhos, Rafael era o mais próximo. Além de ser o mais velho, quando pequeno passou por alguns problemas de saúde que o fez se aconchegar no pai como refúgio e abrigo. Depois da sua partida, Zé que também é poeta, fez um verso dedicado à saudade que cultiva todos os dias. “Rafael, a sua ausência não apaga o seu brilho, a minha saudade é grande do meu amado filho, mas sua estrela me guia para eu não perder o trilho”, escreveu e tatuou no braço, acima da estrela que carrega em cada ponta o nome de um filho. Deixou marcado na pele o que nunca deixará sair do coração.

Ramon também se despediu antes mesmo de conseguir admirar a paixão do pai. Em apenas quarenta minutos Ramon foi registrado e ganhou ao mesmo tempo o atestado de óbito. Zé carrega na pele o nome do filho e no coração a memória de poucos minutos de vida.


Reproduzido por: Lucas H.


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