segunda-feira, 3 de abril de 2017

Em dois anos houve 24 crianças adotadas no estrangeiro (Reprodução)

02 DE ABRIL DE 2017

Duas irmãs, uma com 6 anos, outra com 13, esta com défice cognitivo acentuado, estavam numa instituição há anos, por terem perdido os pais. Foram consideradas aptas para a adoção internacional depois de se terem esgotado as opções em Portugal: havia sempre candidatos para a menina mais nova e nenhum para a mais velha. "Acabaram por ser adotadas por um casal residente no estrangeiro", contou ao DN Fátima Duarte, técnica da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ).

Como essas duas meninas, têm sido às dezenas os menores que vão ter uma segunda vida fora do país. Só nos últimos dois anos 24 crianças portuguesas retiradas aos pais pelos tribunais e institucionalizadas, foram adotadas por famílias residentes no estrangeiro. Em França e Espanha, os adotantes foram sobretudo casais emigrantes portugueses, mas também houve candidatos da Bélgica, Itália e Holanda, segundo o Instituto de Segurança Social (ISS).

E o interesse é cada vez maior: atualmente, são 35 as candidaturas formalizadas junto da Autoridade Central para a Adoção Internacional portuguesa de candidatos à adoção internacional residentes no estrangeiro. O ano passado foram formalizadas 18 candidaturas de candidatos residentes no estrangeiro: sete da Holanda, seis de França, quatro de Itália e uma da Bélgica.

Cada vez mais crianças a sair

Em 2015 foram dez as crianças residentes em Portugal integradas em famílias residentes no estrangeiro. Em 2016, esse número aumentou e foram 16 as crianças portuguesas a serem adotadas por casais de outros países europeus.

"As crianças portuguesas adotadas por famílias residentes no estrangeiro são-no por terem sido sinalizadas pelas equipas de adoção, por não terem sido encontrados em Portugal candidatos cujas capacidades respondam às suas necessidades particulares de adoção. Todas elas se caracterizam por se afastarem das pretensões maioritárias dos candidatos residentes em Portugal. São "crescidas", padecem de algum problema de saúde/desenvolvimento ou comportamento ou estão integradas em grupos de irmãos (fratrias)", refere a fonte oficial do ISS.

São, sobretudo, crianças até aos 9 anos com problemas de saúde ou integradas em fratrias ou crianças dos 10 aos 15 anos sem problemas de saúde. "Quando há fratrias de dois ou três irmãos, é muito difícil conseguir-lhes pais adotivos", refere Fátima Duarte. A técnica da CNPCJR recorda casos felizes. Como aqueles três irmãos, dos 7 aos 13 anos, que foram para um lar de infância e juventude depois de a mãe morrer subitamente, ainda muito nova. O pai dos miúdos já estava divorciado, não tinha condições para ficar com eles, e não se conseguiu mais ninguém. Restava-lhes ficar no lar até terem 17/18 anos. "Conseguiu-se que um casal português mas que vivia no Luxemburgo adotasse os três."


Reproduzido por: Lucas H.


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