domingo, 13 de agosto de 2017

Paternidade por opção: Gustavo e Luiz comemoram o Dia dos Pais com os 3 filhos (Reprodução)

13 de agosto de 2017

Gustavo Tadeu Campos (33) e Luiz José Mesquita Fratini (34), ambos professores, estão juntos há 13 anos e são casados desde 2015. Diante do desejo de ter uma família grande e casa cheia, em 2009 Luiz conversou com o companheiro sobre a possibilidade de serem pais. Gustavo, que também tinha esse sonho, foi despertado pela iniciativa.

Os dois decidiram adotar, fizeram o cadastro nacional e depois de habilitados começaram a busca. A proposta era a adoção de uma criança, com até 3 anos de idade, sem distinção de cor, menino ou menina.

Luiz pesquisou e encontrou uma casa de acolhimento em Teresópolis, município do interior do Rio de Janeiro, onde se desenvolvia o projeto “Filhos do Coração”. Era um ambiente de passagem para crianças em estado vulnerável, que ficavam ali até o juiz da Infância e Juventude determinar o futuro delas.

Para conhecer o local, o casal decidiu passar férias no Rio de Janeiro. Depois dessa viagem, a vida deles nunca mais seria a mesma. Foi lá que encontraram três meninos (irmãos) que iriam “triplicar” a felicidade dos dois. “Conhecemos eles em 12 de outubro de 2009, e quando voltamos sozinhos para Minas já ficamos incomodados com aquela situação. A ideia era de que estávamos deixando alguém pra trás”, conta Gustavo.
O vínculo entre as crianças e o cas
al foi criado no primeiro encontro. Tiveram todo o apoio dos juízes e assistentes sociais que trabalhavam em Arcos e Teresópolis. Tudo aconteceu dentro dos trâmites legais e sem barreiras. Os meninos foram adotados e vieram morar em Arcos no dia 3 de dezembro de 2009.Gabriel tinha 4 anos, Estevão tinha 3 e Victor, 1 ano. Gustavo e Luiz tinham experiência com crianças, porque ambos ajudaram a cuidar das irmãs.

‘Eles contam para os colegas, com orgulho, que têm dois pais’, comenta Gustavo

A família foi se constituindo de maneira natural, transformando a casa em um verdadeiro lar. As crianças cresceram e passaram a ter compreensão. Os pais afirmam que elas não tiveram nenhum problema ao perceberem que tinham dois pais em vez de um pai e uma mãe. Receberam ensinamentos sobre o novo conceito de família, que não se limita a pai/mãe/filhos. “A criança é uma folha em branco. A gente coloca o conteúdo nela. Eles não veem diferença nenhuma em relação a outras situações. Eles contam para os colegas, com orgulho, que têm dois pais”, comenta Gustavo.

Hoje, Gabriel tem 12 anos, Estevão tem 10 e Vitor tem 9. Os meninos foram batizados na igreja católica, paróquia Santo Antônio, e neste domingo (13) vão fazer a Primeira Comunhão. O casal afirma que nunca enfrentou nenhum tipo de preconceito direto e as crianças também não. Eles se completam e são felizes. Gostam de estar sempre juntos, fazem as refeições sentados à mesa, têm diálogo. Estudam e são incentivadas a preencherem o restante do tempo. Vão à aula de inglês, praticam esportes (natação e jiu-jítsu) e têm habilidades artísticas. Os três são pintores e tocam instrumentos musicais.

Paternidade – Para definir paternidade, Luiz cita três palavras: amor, respeito e disciplina. Gustavo acrescenta: “É estar juntos. É viver cada ano da infância deles como se realmente fosse algo único, porque passa muito rápido. Fico muito feliz quando percebemos características neles que são muito melhores do que as nossas próprias”.

'A maior caridade que aconteceu foi deles com a gente, de transformar a gente em pais [...]’, diz Luiz

Gustavo ressalta que a adoção não deve ser encarada como generosidade. “Não é questão disso. A adoção é realmente pra quem quer ter uma família. E a partir do momento em que a criança entra na sua casa, ela é concebida. O amor é tão grande, é algo tão mágico que acontece, que você não consegue olhar para a criança sem ser com um olhar paterno. Eu sinto que eles já eram meus”, afirma.

“A maior caridade que aconteceu foi deles com a gente, de transformar a gente em pais. Nós viramos pais e eles viraram nossos filhos. O amor é espontâneo. Ele cresce e se consolidada a cada dia”, diz Luiz.

Gustavo destaca a gratidão pelo carinho que a família recebe em Arcos e lamenta o fato de que em alguns lugares a homossexualidade ainda é encarada como algo anormal. “Levamos a vida de uma forma tão tranquila, que a questão da homossexualidade é secundária; temos tantas coisas mais importantes pra nos preocupar, e ser pai está acima disso tudo”, observa.

“Eu sou filho de Deus. Eu nasci assim, então Deus não pode ter errado no que Ele fez. Ele me projetou assim. Eu não sou um erro”, conclui Luiz.


Reproduzido por: Lucas H.

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